Ela vê as pessoas felizes nos vagões apertados e as inveja. As odeia. Cria dentro de sua mente maléfica finais trágicos para cada um desses sorrisos cheios de vida e... felicidade.
Fria, se levanta e desce na estação. Todos a olham, a admiram. Ninguém sabe o quão digna de pena realmente é, o quão miserável se tornou seu coração, outrora radiante e cheio de sonhos.
Via o mundo com desprezo. Via a si mesma com desprezo. Sabia melhor que ninguém como era podre aquela menina bonita que representava ser.
Agora vivia por viver. Levava sua vida medíocre, torcendo toda noite pra não acordar no dia seguinte, e ao acordar, odiava o mundo.
Essa foi a vida que lhe foi dada. Cercada de ódio, hostilidade e mentiras, tomou esse mundo como parte de si... Deixou enterrada em algum lugar do passado a menina de cachos, sorridente e sonhadora.
- Ela não sobreviveria nesse mundo.
E foi assim que salvou-se.