Naquela manhã, chorou. Chorou como nunca antes. Desespero, raiva e tristeza se misturavam com o rímel amanhecido em seus olhos.
Tinha perdido as esperanças. Jamais seria feliz.
Já decidira antes que não mais iria se permitir sofrer, mas descobriu da pior maneira possível que certas coisas não dependiam somente dela; Que não importa o quanto se esforçasse ou o que fizesse, nunca se livraria daquele Carma que a perseguia há 15 anos. E chorou, chorou, chorou, e quis sumir, e quis fugir, e quis morrer. E matou um pedacinho de seu coração.
E desde então, a cada sofrimento que lhe era causado, matava mais um pedacinho. Foi tornando-se hostil, distante e fria, não acreditava nas promessas que lhe eram feitas, e as pessoas não entendiam o por quê. Nem nunca saberiam.
Um dia sua felicidade chegou. Buscou nos trilhos do trem o abrigo, e encontrou: agora mais nada nem ninguém poderia machucá-la. Foi-se feliz, com sua alegria de último suspiro.