segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Feliz Aniversário (ou Carta de Despedida)

"São Paulo, 24 de Junho, terça-feira. 10 dias juntos. E ele disse sem se preocupar com a poesia: 'Pode baixar sua guarda, eu não sou cuzão.'
Me pergunto se alguma coisa que ele me disse foi verdade um dia."

*

   O tempo voa. Amanhã já é seu aniversário. Tava lembrando de quando você disse que me convidaria se fizesse alguma coisa- só mais uma promessa que você quebrou. Aliás pensando bem, você não cumpriu nenhuma. 
   No coração não levo mais o amor, mas tenho a cicatriz que me lembra- assim como todas as outras, de outros tempos, do corpo e da alma- daquilo que eu não sei mais definir se foi bom ou se foi ruim. 

   De vez em quando eu tenho saudade. É uma falta doída, é uma falta que eu não deveria sentir. Eu não quero sentir. É um "pensar em você" que me corroi o peito. 
   Antes eu só queria que você se importasse, e agora eu só quero que aquele beijo tivesse durado apenas uma noite. 
   Foi pouco tempo que durou muito. Foram meses que poderiam ter sido anos. 

   O tempo voa. Já são oito semanas desde que você sumiu. 
   E eu sei que estou melhor sem você. 
   Mas não queria estar. 

   Feliz Aniversário, Quindim

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Do dia em que eu me estuprei.

   Já se completava 19 dias que ele não falava comigo.
   O ser humano, ao longo da vida é obrigado a aprender a lidar com a rejeição, mas aquilo era qualquer outra coisa que não uma rejeição ou uma continuidade. Aquilo estava realmente acabando comigo. Nada mais me distraía. Eu não fui treinada pra lidar com a incerteza.
   Pra sair dessa atmosfera sufocante, topei um convite de um conhecido pra um passeio no shopping.
   E comecei a me arrepender a partir do momento que eu fui me encontrar com ele.
*
   Nada rolou até tarde da noite. No bar, minha linguagem corporal falava. Mas nem eu nem ele demos atenção à ela. Ele se aproximava e eu me afastava. Em determinado momento ele estava tão próximo, que se eu mantesse minhas pernas no chão ficariam entrelaçadas entre as dele. E então eu as mantive em cima da cadeira, em perna-de-índio.
   O assunto passou a ser beijos. Entre uma cantadinha e outra eu me fazia de desentendida. Até que ele veio pra me beijar e eu pensei: "Ai caramba.. D:" e... eu não tive resistência nenhuma. Me mantive passiva. Não pensei nem senti nada com aquilo naquele momento. Não o abracei nem coloquei as mãos nele. Eu não sei, eu definitivamente não queria estar ali. E daí ele me chamou pro motel. E eu aceitei.
  *
Antes de continuar, eu gostaria de dizer que tudo foi consensual, e eu eximo o rapaz de qualquer culpa pelo que aconteceu.
*
   Fiz questão de que a luz fosse apagada pra não ter que olhar pra ele. A camisinha não foi só uma proteção pra DST: representava um contato bem menor com aquele membro que eu não queria, mas permiti dentro de mim.
   Só se ouvia a respiração dele no quarto. A minha, eu prendia pra segurar o choro e o vômito. De olhos fechados, eu só queria que aquilo acabasse o mais rápido possível. E acabou.
   Fumei um cigarro e dormi de costas pra ele, sem permitir que ele me tocasse. Acordei chorando. Com nojo. Dele e de mim.
   Durante toda a manhã ele tentou começar alguma coisa e em todas eu fugia, fingia estar dormindo. Quando não pude mais fingir, sentei e acendi um cigarro, citei Alexandre Pires: "O amor só se mede depois do prazer". E isso, porque eu não tive prazer nenhum. E ele levantou puto:
   - Aaaah! Que palhaçada!
   Permaneci na cama, constrangida. Ele foi pro banheiro, respirou, pensou, se acalmou e disse:
   - Eu até te entendo, já estive nessa situação. Mas é foda, né...
   - Eu entendo você achar foda. Inclusive, acho que eu entendo muito mais você achar foda do que você me entende.
   Ele definitivamente não me entendia.
 *
   Voltei pra casa me sentindo um lixo. Com nojo de mim, dele, de sexo. Eu me perguntava "como eu fui capaz de fazer isso comigo? Eu, dona do meu corpo e das minhas vontades, como permiti me anular?"
   Eu me permiti fazer sexo sem que eu quisesse. Eu me permiti ser estuprada. Eu, como humana, cometi um erro grave contra mim, e que sirva de aprendizado.
   Enquanto isso, me concentro em resolver meus problemas pendentes. E enquanto não são resolvidos, me mantenho bem longe de outras pessoas. Até superar esse trauma que eu me causei.
   *
   E é isso. Não tem lição de moral, não tem reflexão fofa. Só a narrativa crua da covardia que eu tive diante da situação.
   Fui aquilo de que mais tenho medo. Fui minha própria violadora. 
 



domingo, 28 de setembro de 2014

Sem pensar no que disseram sobre o nosso fim


   Eu te vi dormindo e te achei ainda mais lindo. 
   Cobri seu corpo nu, te abracei, fiz cafuné, embalei seu sono, teu agitado sono.
   Desenhei ligando as pintas das suas costas, chafurdei, te cheirei, aproveitei.
   Aquele era o meu momento. Meu momento de você ser meu. 
   Pela manhã você me abraçou, me beijou, me amou. E depois partiu, me deixou.
   Foi ali, foi naquela noite que eu soube. 
   É você, e eu não quero que seja mais ninguém. 

   E eu gosto tanto de você que respeito se não sou a única;
   Que eu não desisto de você;
   Que eu continuo perdoando essa sua mania de me magoar. 
   E que depois de tudo você vem, e todas essas coisas vão, e somos só você e eu.
   Eu gosto tanto de você, que o que eu te falo não chega nem perto do que eu sinto. 
   E (por enquanto) não tem problema que só eu sinta.
   E eu gosto tanto de você, porque você é incrível, porque você me faz muito bem. 

   Porque o melhor lugar para se estar é nos seus braços. 
   Porque não poderia haver alguém melhor para entrar na minha vida. 

   Lindo, pra você: meu coração, e meu obrigada. (: 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Tipo quindim

   Não sei dizer o que é. Pode ser seu carinho, sua beleza ou esse jeito bobo que você tem de falar que me faz rir. Talvez tudo junto.
   Pode ser o fato de você ser diferente (mas que que te torna diferente?), pode ser seu beijo, seu abraço. Pode ser qualquer coisa. A única coisa que eu sei, é que tem que ser você.
   É que sei lá. É contigo que eu consigo ser eu. E é sem querer. Quando se trata de você a guarda fica baixa, as palavras saem, e daí, ali tô eu te mostrando o quanto eu gosto d'ocê. "Gostar" esse que deixou de ser "gostar" já faz um tempo, mas eu vou negar e esconder até o fim. Ou tentar.
   Porque eu sei que com você é diferente.  A respeito de tudo, aliás. E eu sei porque as suas ações falam mais que as suas palavras. Mas mesmo assim eu te desculpei, todas as vezes que você me magoou, mesmo que não saiba, nem nunca vai saber.
   Acontece que enquanto te ter por perto me fizer feliz, assim eu vou manter. E quando já não for mais suficiente, esse pouquinho gostoso que você me dá, eu partirei, talvez de coração partido. (Talvez não).
   Você é incrível. A grande verdade é que eu gosto de tudo em você. E te acho lindo, muito lindo. Mesmo. E que eu sinto sua falta, tenho saudade, vontade. E por mais que eu não tenha absolutamente nenhuma expectativa sobre "a gente", com certeza você foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos meses.
   Obrigada por entrar na minha vida. Fique à vontade e não tenha pressa pra ir embora. :)

domingo, 11 de maio de 2014

Aprendam.

   Ele era tudo que eu sempre quis. Tudo que eu nunca achei que eu teria. E eu levava uma vida perfeita.
Não foi difícil me apaixonar por ele... E é só ler uns textos abaixo pra tentar entender o que eu sentia. Eu me sentia completa, amada, cuidada. Era ele preenchendo um hiato na minha vida. Mas foi um caminho que quase não teve volta.
   No começo era até bonitinho aquele ciúme todo. "Aw, ele gosta de mim", "ele é inseguro, vai melhorar quando vir que eu só tenho olhos pra ele", etc. A princípio o problema eram os meus amigos que eu já tinha beijado.
   "-Eu não vou não, não quero olhar pra cara dos teus ex."
   "- Não são meus ex, foram só uns beijinhos, nada demais. Deixa disso"
   "-Eu não vou não! Se você quiser ir, vai. Só não se dê ao trabalho de me procurar depois, que eu não vou querer saber."
    E a menina apaixonada não foi. Nunca mais iria.
   Depois veio a implicância com todos os amigos homens, inclusive aqueles que ele também era amigo. E depois as amigas também. E depois a minha família. E depois, todo mundo.
 
   Nos primeiros meses, estava tudo bem. Nova do jeito que eu era, até meio imatura, achei que poderia conviver dentro daquela bolha, daquele mundo só meu e dele. Mas o tempo foi passando, e eu fui percebendo que o mundo não era nosso, era dele: as regras dele, os gostos dele, as vontades dele. Fui sendo manipulada pra me encaixar nisso, e o pior, eu estava consciente daquela manipulação. Eu aceitava tudo por um motivo que achava muito nobre àquela altura: amor. Queria evitar as brigas, as birras, os gelos. Mas mesmo assim, nada adiantava. Sempre tinha um motivo: uma palavra errada que falei, uma olhada que eu dei pros lados, um colega de trabalho que me adicionou no facebook, uma blusa branca, um shorts acima dos joelhos. TUDO ERA MOTIVO PRA CARA FEIA.
   Fui me tornando meio amargurada. Fui perdendo o gosto de me arrumar, me maquiar, porque sabia que ele nunca me elogiaria, pelo contrário, diria que tudo aquilo era pra qualquer um na rua. Ia ser motivo pra briga, então deixava pra lá. Perdi a vontade de me declarar pra ele, porque:
   -"Você tá muito carinhosa hoje, o que você fez de errado?"
   E dá-lhe mais uma briga homérica.
   Já tava exausta. Não sentia mais aquele frio na barriga pra encontrá-lo. Não tinha tesão pra absolutamente nada. Eu só tinha vontade de dormir, porque eu sabia que dormindo, eu nunca daria um motivo pra gente brigar. Prestem atenção no meu pensamento: "EU NUNCA DARIA UM MOTIVO PRA GENTE BRIGAR". Eu realmente acreditava que eu dava os motivos. Mas isso seria por pouco tempo.
    Mais pra frente, com tantas brigas que eram banais, aumentar a voz e jogar na minha cara todas as minhas fraquezas não era o suficiente. A coisa ficou física. E era sempre a mesma coisa: lágrimas de ódio, sangue, lágrimas de arrependimento, lágrimas de tristeza. Eu sabia que aquilo era demais. Mas peço que se coloquem no meu lugar.
    Sem família, sem amigos, sem apoio, porque eu larguei tudo por ele. Ele era tudo que eu tinha, e nós dois já estávamos tão presos àquele mundo, que era impossível imaginar uma vida fora daquilo. E eu fui me agarrando a isso. Eu acreditava que aquilo não aconteceria mais um dia, que as coisas iam ficar boas um dia. Eu acreditava, e eu queria isso. Eu o amava muito, e dava toda a minha energia pra que todo aquele sofrimento acabasse. Porque eu sei que ele também não estava bem, que aquilo também não era bom pra ele.

   Mas eu falhei. As coisas só foram piorando. A insegurança dos dois foi aumentando, e a convivência era complicada. Muitas idas e vindas que não duravam nem 24 horas. Muito sofrimento. Pouco sexo, poucos beijos, poucos abraços. Brigas demais.
    Chegou um ponto em que a admiração acabou também. Eu passei a ser comparada com garotas famosas da tv.
   -"Se você fosse magra assim você seria perfeita."
   -"Você não era gorda assim quando a gente começou a namorar"
   -"Por que você não alisa o cabelo? Não gosto muito de cabelo cacheado"
   -"Troca de shampoo. Esse de melancia tem um cheiro muito ruim. Por isso não vou deitar com você hoje."

   Um dia eu não aguentei. Eu sentia amor, mas não era mais o suficiente. Eu realmente não queria mais aquilo. Eu cheguei no limite.
Terminei, fui viver a minha vida. Fiquei com um menino que eu achava bonito, e ele ficou sabendo. Ele sumiu. Não atendeu mais minhas ligações, fugia de mim. Deixei pra lá, então.
 
   O primeiro dia na faculdade sem ele foi horrível. Era como se eu não conhecesse mais ninguém. Depois de dois anos, as panelinhas já estavam feitas, e eu estava de fora. Mas com o tempo eu fui me ajustando, eu fui me (re)encontrando. Fiz novas amizades com velhos conhecidos e recuperei alguns grandes amigos. Perdi definitivamente outros, também. E é pra esses que eu escrevo agora.

   Existe um divisor de águas na minha vida, e ele tem nome, idade e endereço. Depois dele na minha vida, eu me tornei outra pessoa, e sem ele, eu sou alguém muito melhor do que era antes dele.
   Eu aprendi com os meus erros e os erros dele. Eu aprendi o valor da liberdade, eu aprendi a ter controle sobre o meu corpo, minhas idéias, vontades, minha vida. Aprendi que um amor não vale uma amizade. E aprendi a não julgar ninguém, porque só a gente sabe como é a nossa vida.
   É fácil apontar o dedo pra mim e dizer que eu mereci tudo o que eu passei com ele, que eu fiz as esolhas erradas, que eu só fiz merda. Mas me deixa perguntar uma coisa: se as coisas tivessem dado certo, se eu tivesse tido filhos e um casamento, eu ainda teria errado em largar tudo por ele? Reflitam.
   Um antigo amigo, que hoje não quer me ver pintada de ouro, disse que se decepcionou comigo por eu ter "virado mulher de traficante". Mas sabe, é fácil falar que eu deveria ter terminado na hora, que eu deveria ter denunciado. Eu vivia falando isso também. Mas quando você vive aquilo, é outro mundo, é outra dimensão que vocês, que estão de fora, nunca vão saber. Não era "mulher de traficante", até porque ele não vendia drogas, e nem todo traficante deve bater na mulher. E acreditem:  NENHUMA mulher gosta de apanhar, e se ela aguenta isso sem tomar uma atitude drástica, acredite: ela NÃO é covarde, ela tem motivos pra isso, e só está pensando na melhor forma de resolver as coisas. Pode ser estupidez, mas como eu disse, só quem já passou por isso sabe como é.
   Mas se vocês querem saber, a violência física nunca doeu mais do que a psicológica. As palavras doeram, e as marcas delas até hoje estão dentro da minha cabeça, diferente dos roxos no meu pescoço e no meu rosto. Ele utilizar as minhas fraquezas e os problemas meus, que eu compartilhei em um momento de confiança, pra me fazer mal e me ofender.... Isso me desmontou. Foi tipo meu mundo desabando. E confesso que essa pressão pesou muito mais na minha infelicidade do que a violência física. Lembrem-se disso quando forem fazer campanha contra violência doméstica: palavras podem doer mais do que tapas. Sem clichê. E pode levar ao suicídio se a cabeça da pessoa for bem fraca.

   Só que eu já tinha uma bagagem emocional bem desenvolvida pra lidar com isso. E eu consegui sair disso sem sequelas. E evoluí. Sempre fui de tirar o melhor de tudo o que acontece, mas nem tudo o que eu passei na minha adolescência me fez tão mulher quanto os dois anos que eu passei com ele.
   Eu perguntei antes, se ainda julgariam minhas escolhas erradas se eu tivesse casado e tido filhos, se as coisas tivessem dado "certo". Pois vou lhes contar uma coisa: AS COISAS DERAM CERTO. A mulher que eu sou hoje é graças à essa experiência, e eu passaria por tudo de novo, se tivesse a certeza de que continuaria a ser aquela garota que era antes.
   É claro que tive perdas irreparáveis. Claro que sinto falta de muitas coisas que deixei pra trás e não consegui recuperar. Claro que perdi dois melhores amigos que têm até hoje o vazio espaço no meu coração. Mas graças a tudo isso que eu passei, eu sei lidar com as consequencias das escolhas que eu fiz. E não depender de mais ninguém pra absolutamente nada.

   Então, me façam um favor. Quando encontrarem alguma menina em um relacionamento opressor, mostrem esse texto pra ela. Não tentem dar conselhos, não tentem apontar o dedo ou julgá-la, a menos que vocês saibam o que ela está passando. Caso contrário, moça, saiba: isso vai passar. Você vai perceber que não precisa dele, nem de ninguém, muito menos passar por isso pra absolutamente nada na sua vida. Você é boa o suficiente pra se reerguer sozinha, e seja forte, vá em frente, termine. E tenha certeza que tudo que você tá sofrendo agora, não vai ser em vão; Você vai crescer, amadurecer e aprender com isso, muito mais do que com qualquer outra coisa na sua vida. E daqui pra frente, se coloque acima de QUALQUER COISA na sua vida. Aliás, vocês, que gostam de julgar, aprendam isso também.

 

 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Sobre aquele personagem que eu conheci

"Você é bonito demais para alguém que pensa tanto 
e é quase injusto pro mundo existir alguém 
com tanto das duas coisas que só se tem de uma só." 
(Tati Bernardi)


   E eu amo você. Te amo quando me abraça, quando dormimos juntos, quando te dou um beijo de bom dia e te sujo de batom quando estamos saindo.

  Mas é só.

 Eu não preciso te amar quando não estamos juntos, quando você não me quer. E não amo.
 Eu não vou te amar quando você passar horas me falando de como queria que fosse sua vida, mas daí cê vai me abraçar e me dar um beijo, e meu amor vai nascer, e morrer no abraço do adeus.

   Vou te amar quando fizer algo pra te ver feliz, mas não quero desejar que sua felicidade seja comigo. E nem vou. 

   Porque foi assim que eu descobri que a gente tem que ser. Eu não preciso te amar, você não precisa me amar. Nós não precisamos um do outro, e é por isso que nos damos bem. 
   E é assim que a gente funciona: só por uma noite. 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mais para ponto e vírgula do que um ponto final.

   Esse texto não faz jus à beleza que ele representa. Talvez eu seja racional demais para falar de amor, mas poesia não é o meu talento. Ainda assim, eu não posso deixar de escrevê-lo.
 
   Nem todo relacionamento acaba por falta de amor. E não precisa ser só namoro, qualquer relação entre seres humanos é complicada e na maioria das vezes só amor não é o suficiente. Eu aprendi da pior maneira.
   Nunca fui muito boa com as pessoas. Não sei, acho que é um dom estragar tudo: família, amigos, namorado. Às vezes não sou nem eu que erro, mas nada acontece se não permitirmos, certo?

   Namorei um cara uma vez que terminou comigo por motivos mais do que justos: eu era insuportável. A dor que eu sofri quando acabou não foi pela perda, e sim pela decepção comigo. Se eu tivesse sido diferente, talvez as coisas não aconteceriam daquela maneira. Enfim.
   Não foi dificil esquecer o cara. Logo eu já estava tranquila, curtindo o que hoje chamam de "amor livre". Mas então veio o Cupido e eu comecei a escrever outra história de amor. Prometi  mudar, fui diferente, e há muitos textos aqui para como contar como foi. "Foi", assim mesmo, no passado.
 
   Nenhum fim é fácil. Mas dessa vez, a dor é sim pela perda. É pelo amor que não acabou, pelo carinho, a falta, pelos quase dois anos juntos. Nós sabemos que é melhor assim, mas dói, como dói!
   Não sei, eu não gosto de pensar como se fosse o fim de tudo. Nunca é tarde para um recomeço, só que agora ainda é cedo... Por enquanto, ficam apenas as memórias, as cicatrizes e a marca de sol no meu dedo anelar.

   Alguém me disse uma vez que o amor é libertário. Não concordo com isso, acho que existem diferentes formas de amor. Mas acreditem, a liberdade é essencial em qualquer circunstância. Esconder-se do mundo pode parecer um belo ato de carinho, mas respeitar a vontade e a vida do outro, é mais ainda. Sinceramente, não há amor no mundo que resista à toda essa restrição.
 
   Enfim. Eu avisei que não sei falar de amor, e nada que eu escreva vai chegar perto do que eu quero dizer. Mas eu senti que precisava escrever sobre o fim, e então o fiz.
   Afinal, isso tudo não passou de mais um coração partido.